segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Campo de Libra: Leilão ou Doação?

A  palavra LEILÃO, para alguns estudiosos, surge do verbo "LICITARI? “leiloar, oferecer pelo melhor preço”, derivado de LICERE, “ser permitido”.   "Leilão" é aquela coisa do "quem dá mais", com várias ofertas, "dou-lhe uma, dou-lhe duas" etc.
Por esse sentido e pelo que foi divulgado pelos próprios analistas burgueses, NÃO houve "leilão do Campo de petróleo de Libra".
 O que houve foi a formação de um cartel com 5 das 10 maiores empresas de energia do mundo, que ganharam de presente do governo brasileiro a maior reserva de petróleo do mundo.
Com a "coisa" que houve no dia 21 de Outubro de 2013, ou seja lá o nome que o governo brasileiro der, ele pode deixar de arrecadar até R$ 331,3 bilhões em 35 anos com o "leilão do pré-sal", segundo Ildo Sauer, ex-diretor de Gás e Energia da Petrobras no governo Lula e atual professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP.
Ele afirma que isso se dará devido o modelo de partilha,  que foi usado para o "oferecer pelo melhor preço", ou "leilão": royalties de 15%; imposto de renda de 34% sobre o lucro; bônus de assinatura de R$ 15 bilhões, conforme determinado em edital; preço do barril de petróleo a US$ 160; e dólar a R$ 2,20. Lembrando que o cálculo não leva em conta taxa de juros e inflação.
Além disso,  a Petrobrás deve participar do consórcio vencedor, com no mínimo 30%, sendo responsável por desenvolver tecnologia, contratar funcionários e adquirir bens e serviços no mercado nacional.
Segundo Braeyr Grudka,diretor do SINDIPETRO-RJ, esse tema é muito importante para a população, pois o controle sobre essa matriz energética torna o Brasil independente de outros em termo de energia. Com o petróleo nas mãos de empresas privadas, principalmente estrangeiras, o Brasil corre o risco de perder esta autonomia. O ritmo de produção deve atender primeiramente as demandas da população brasileira e suas reservas devem durar tempo suficiente para que o país desenvolva fontes alternativas de energia, principalmente renováveis, pois o petróleo é um recurso finito.
O diretor do SINDIPETRO-RJ ressalta que o petróleo, pela sua importância como matriz energética deveria ser controlada pelo Estado, por meio de uma empresa estatal, como a Petrobrás, e os recursos do petróleo deveriam ser controlados por câmaras populares, que determinariam onde estes  seriam investido, para atender à saúde pública, educação pública, transportes públicos de qualidade, saneamento básico, moradias populares para desabrigados, sem-teto, moradores de áreas de risco, enfim, para atender às demandas da população.
Braeyr lembra que a maior parte do petróleo produzido pela Petrobrás é refinado e distribuído no Brasil, enquanto que a maioria das empresas estrangeiras que atuam aqui preferem exportar o petróleo para fora, pois são beneficiados assim com a isenção de ICMS estabelecida pela lei Kandir, que serve para incentivar as exportações. Com isso, o petróleo,que poderia gerar mais impostos e mais empregos, acaba cumprindo este papel em outros países.
Para encerrar, existe uma grande diferença sobre o leilão(doação!?) do Campo de Libra, pois em todos os caso de leilões feitos antes no mundo, as áreas são pouco conhecidas ou  exploradas, mas em Libra a área foi bem estudada e já foi encontrado petróleo, ou seja, não estão leiloando um campo que ainda será descoberto, mas  petróleo, algo que nunca foi feito na história.
 E mais: a legislação brasileira da partilha também prevê que se o Governo quiser, pode entregar diretamente as áreas do Pré-Sal para a Petrobras, sem precisar fazer leilão, mas o objetivo do Governo não é atender a demanda nacional de petróleo, mas sim, leiloar para arrecadar recursos e cobrir a meta de superávit primário  ainda não  atingida.  Mais uma vez o Governo prioriza o pagamento de juros da dívida ao invés de atender a demanda da população.

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