quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Amores Improváveis - XI

Amores Improváveis - XI

Não vou escrever sobre um amor improvável, apesar do título. Dói demais lembrar do amor mais improvável, impossível de acontecer. Que não aconteceu em minha vida.Dói.
Ela era linda(ainda é, em sonhos). Uma mulher,negra, seu corpo parecia uma dádiva dos deuses entalhada no mais puro ébano. Seu sorriso, de professora,capaz de seduzir o mais frio dos corações partidos. O olhar? Que dizer daqueles olhos? Mil poetas,por mil anos, se inspirariam neles e ainda assim não cantariam de forma plena tamanha força e beleza e candura e...Melhor parar. Foi um amor improvável. Daqueles que inspiraram o amor platônico medieval.
Pois nunca aconteceu. Não em sua plenitude. E eu, aqui passados 25 anos, fico a lembrar de um pretérito que não se tornou futuro.
O motivo? Aquelas pequenas coisinhas que têm tanto poder: palavras.
Ditas de forma erradas,nos momento errados.
Palavras são minha miséria, minha bênção e minha maldição. A profetisa só podia ver futuro dos outros. Nunca o seu.
Eu só sei usar as palavras corretas para gerar o amor nos meus personagens. Nos livros, elas fluem, aprisionam emoções. Nas brancas páginas, eu as uso. Então, crio uns seres de imaginação, que amam até o entardecer.
Agora eu, velho, decrépito, percebo que não soube usar as benditas palavras. Fico aqui a pensar no que deveria ter dito, e penso, e penso. E digo. Mas só quem ouve é Bartolomeu, o gato. Testemunha silenciosa de minha solidão, mas que parece rir deste tolo que, por fim acabou de lhes confessa mais este Amor Improvável.

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